domingo, 14 de outubro de 2012

Pedro Paulo Funari - Arqueologia


RESENHA:  FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Arqueologia. São Paulo. Contexto, 2003.


O autor Pedro Paulo Funari, um grande arqueólogo brasileiro, faz uma síntese, como já diz o título do seu livro sobre a Arqueologia, mostrando-nos que, além de ser uma atividade complexa e apaixonante, é uma grande aventura. 

Um dos seus objetivos, em seu livro, é deixar nitidamente claro o que é de fato a Arqueologia, como ela era e como é vista atualmente. Trata cuidadosamente e detalhadamente do raciocínio, do objeto e da “construção” da Arqueologia, demonstrando que esta é uma ciência com técnicas e métodos próprios. Ao decorrer do livro, cita grandes nomes da Arqueologia como por exemplo, Willian Petrie, Vere Gordon Childe, Mortimer Wheler, dentre outros. Não deixa de mostrar o raciocínio de um arqueólogo e de como ele atua, afirmando que “uma das condições mais comum de trabalho do arqueólogo é a escavação, encontrar informações sobre possíveis ocupações antigas e, em seguida, faz-se um reconhecimento do terreno por meio de uma prospecção” (p.23).

Após falar de como pensa o arqueólogo, explica as várias formas de pesquisas e dos instrumentos usados para as atividades de campo. “A Arqueologia não é, do meu ponto de vista, uma simples técnica no sentido empirista da palavra” (p.63). Cuida de cada detalhe das técnicas, do que é preciso, qual instrumento usar, onde usar, como identificar um vestígio material (cerâmica, projéteis, pontas de lanças ou flechas, etc), enfim, das técnicas desde o desenterramento até a organização do trabalho arqueológico, sempre exemplificando através de fotos ou figuras. Explica cada método de uma forma bem nítida, de fácil entendimento, mostrando-nos que as técnicas de trabalho não são tão fáceis e que exige muito esforço, principalmente físico.
É claro que não deixa de citar as diferentes áreas dos conhecimentos, que fazem parte da Arqueologia, como por exemplo, a História que, segundo Funari, é particularmente importante, a Antropologia e outras, como a tipologia, explicando as relações existentes entre elas, o porque dessas relações e de como surgiu a mesma.

Dá ênfase total a Arqueologia, principalmente quando trata do poder que ela possui, “a criação e a valorização de uma identidade nacional ou cultural relacionam-se, muitas vezes, com a Arqueologia” (p. 101), e ao trabalho do arqueólogo no Brasil, mostrando as vantagens, tipos de formação, mercado de trabalho, desvantagens. “Há diversos caminhos possíveis para se tornar e se trabalhar hoje com Arqueologia no Brasil... as perspectivas são muito variadas, de acordo com as escolhas que venha a efetuar” (p.110).
Sobre as questões profissionais, fala que a Arqueologia possui várias áreas de atuação e especialização, dando sugestões de campos de trabalho para interessados. Por fim, faz uma lista de sugestões de leituras, filmes, sites e CDs para quem quiser aprofundar-se no assunto. Pode concluir, que o livro sintetiza e explica como tudo funciona dentro da disciplina, tendo por objetivo apresentar as principais abordagens, técnicas e métodos da Arqueologia, fornecendo um manancial básico de informações e uma visão condizente com a complexidade da Arqueologia, dando a oportunidade de avaliar criticamente e de conhecer as vertentes arqueológicas existentes.

Título do trecho selecionado: Como pensa o arqueólogo: do artefato à sociedade

Trecho: Uma das condições mais comuns de trabalho do arqueólogo é a escavação. Costuma-se antes de propor uma escavação, encontrar informações em documentos, em testemunhos orais, fotos e pinturas sobre possíveis ocupações antigas e, em seguida, faz-se um reconhecimento do terreno, por meio de uma prospecção. A prospecção é também chamada de levantamento ou survey, termo em inglês.
Identificando vestígios na superfície, determina-se uma área a ser escavada (o leitor encontrará mais informações sobre isso adiante, ao tratarmos das sondagens). Hoje em dia, na escavação, costumam atuar arqueólogos profissionais, voluntários, aprendizes e, as vezes, operários para o trabalho mais pesado e inicial da retirada da vegetação. Usam-se pás, picaretas, colher-de-pedreiro, pincéis, mas também baldes, peneiras, cordas, fitas métricas, papel para anotações e desenhos, câmaras fotográficas entre outros equipamentos.

O Estrato arqueológico é a unidade básica de seu trabalho. Cada estrato representa uma ação humana, como um aterro, a fundação de um muro. O arqueólogo define os estratos, com certa dose de subjetividade, mas sempre baseado no que se encontra no solo. Assim, cada estrato pode ser delimitado pela sua composição material particular e corresponde à determinada atividade humana, realizada pelos usuários originais desse espaço físico, ou a uma ação natural (depósitos de aluvião, inundações, etc).
O arqueólogo deve registrar os artefatos encontrados, por meio de desenhos, de modo que se possa saber sua exata localização. Para isso, é necessário desenhar seções estratigráficas e planos horizontais. As seções correspondem a profundidade em que os artefatos foram encontrados e os planos, à sua distribuição espacial.

Assim, a transposição desses estratos para seções estratigráficas verticais e planos horizontais permite ao escavador, terminado o trabalho de campo que consiste propriamente em anotar o que se encontrou na escavação, reconstituir o estado do material no momento da descoberta. Suponhamos que se trate de restos de uma casa, apresentando duas bases de muros em pedra e, no seu interior, grande quantidade de argila, reboco e cerâmica.

Ainda que se trate de um exemplo por demais simples para corresponder aos problemas reais derivados de situações concretas complexas, permite constatar que o objeto direto de observação do arqueólogo não é senão um vestígio, um destroço diminuto e material do contexto cultural. Por meio da leitura do registro arqueológico (ou seja, dos vestígios que o arqueólogo encontrou e procurou reproduzir em um desenho esquemático), deve-se chegar a reconstrução das atividades e ações que levaram o estado atual do material encontrado. No caso exposto, o arqueólogo deve tomar por base o depósito arqueológico encontrado, reconstruir as etapas de formação desse depósito, para chegar a uma reconstituição de ambiente do local de atividades socialmente significativo.

A reconstituição proposta pelo arqueólogo é sempre subjetiva (ou seja, depende de boa parte de sua imaginação, incrementada com outros estudos e muito conhecimento sobre o povo e a época estudada, além de noções de arquitetura, por exemplo), pois os dados encontrados e anotados devem ser interpretados pelo escavador e diferentes estudiosos podem chegar a propor interpretações diversas. Qual a altura da parede da casa? Com base em certos indícios, uns podem propor determinada altura, outros proporão outra, baseando-se em variadas hipóteses. Se não possuímos a parede preservada até o teto, como é o caso normalmente, sempre é necessário conjecturar a respeito.

A Arqueologia nada mais é que uma leitura, ainda que um tipo particular de leitura, na medida em que o “texto” sobre o qual se debruça não é composto de palavras, mas de objetos concretos, em geral mutilados e deslocados do seu local de utilização original. É impossível ignorar a subjetividade do trabalho arqueológico. Por outro lado (em função da “busca da verdade”), há uma crescente preocupação com a interdisciplinaridade, em especial, no que se refere à ajuda proporcionada por outras disciplinam que lidam com “leitura” e “interpretação”, em particular, com aqueles que se voltam para os objetos também, como é o caso da semiótica, disciplina preocupada com os princípios teóricos da comunicação.

Existem outras formas de leituras de imagens que podem ser, também, úteis para o arqueólogo, como é o caso da psicanálise, em aparência, tão distante da Arqueologia. Espadas, por exemplo, tem sido interpretadas como símbolos fálicos (pênis ereto), uma influência direta da teoria de Freud na análise de um artefato. 


19 comentários:

  1. A arquiologia é a história, que está ligada com a cultura, as escavações dos objetos e pesquisa. A pesquisa de campo na arqueologia é importante porque se apropria de abordagem de pessoas procurando saber quais foram os povos que viveram naquela época e os seus costumes. Logo apois começa as demarcações, limitando o terreno para iniciar as escavações com instrumentos apropriado para a finalidade de encontrar artefatos ou vestígios que leve a históricos concretos.

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  2. A arqueologia é uma ciência que trabalha com dados,coletas,anotações ,desenhos e fotografias esses dados são coletados através das escavações que são feitas. O autor cita que antes das escavações o arqueologo tem o cuidado de conhecer o terreno e que tipo de instrumentos vão ser usados para a escavação.Os objetos e vestigios encontrados vai servir de testemunho que ali foi vivenciada uma cultura.

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  3. O livro enfatiza os aspectos mais teóricos e políticos da disciplina, fundamentais para o reconhecimento e criação dos conteúdos da Arqueologia.O autor revela em linguagem acessível como agem e pensam os arqueólogos e quais os caminhos para quem quer se tornar arqueólogo no Brasil. Demonstra que essa é uma profissão que exige certo esforço físico e disponibilidade diante dos desafios do desconhecidodois.

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  4. FAZENDO UMA ABORDAGEM DA RESENHA DO LIVRO DE FUNARI, MOSTRA COMO SE DA TODO O PROCESSO DE ESCAVAÇÃO,QUAIS MATERIAIS UTILIZAR DURANTE TODO O PROCESSO DE ESCAVAÇÃO,E COMO A HISTORIA PODE CONTRIBUIR PARA QUE ESSE PROCESSO DE ESCAVAÇÃO SE TORNE BENÉFICO A PONTO DE ATRIBUIR OS VALORES CULTURAIS A DETERMINADOS OBJETOS ENCONTRADOS,A ANTROPOLOGIA TAMBÉM NÃO FICA DE FORA.JHON LENNON.

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  5. FAZENDO UMA ABORDAGEM DA RESENHA DO LIVRO DE FUNARI, MOSTRA COMO SE DA TODO O PROCESSO DE ESCAVAÇÃO,QUAIS MATERIAIS UTILIZAR DURANTE TODO O PROCESSO DE ESCAVAÇÃO,E COMO A HISTORIA PODE CONTRIBUIR PARA QUE ESSE PROCESSO DE ESCAVAÇÃO SE TORNE BENÉFICO A PONTO DE ATRIBUIR OS VALORES CULTURAIS A DETERMINADOS OBJETOS ENCONTRADOS,A ANTROPOLOGIA TAMBÉM NÃO FICA DE FORA.JHON LENNON.

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  6. como em outros trabalhos sobre a arqueologia,Funari deixa claro da importância da interdisciplinaridade, mas ressalta que arqueologia não pode ser confundida com outras àreas da história, devendo essa ser diferênciada,já que a história trabalha com documentos e a arqueologia com vestígios que são escavados.
    Fala também das técnicas de escavação que o arqueológo deve ter para não danificar os vestígios encontrados, ressalta ainda para quem quer aprofundar mais o conhecimento usar os recursoso de Dvs, saites, CDs para ter uma noção maior, para o bom desenvolvimentos das técinicas.

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  7. o livro vem dar um enfase aos leitores do que é a arqueologia, como se trabalhar o arqueologo ate no seu jeito de pensar.

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  8. O trabalho do arqueólogo além de ser minucioso e delicado,traz consigo um prospecção do nosso passado através do encontro e valorização de todos os artefatos encontrados.Contribuindo e construindo a nossa história cultural. Funari demonstra todas as etapas desse trabalho no seu livro.

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  9. O autor e arqueólogo Pedro Paulo Funari,faz um resumo sobre arqueologia, nos mostrando que a atividade é uma grande aventura.
    Com o objetivo de mostra-la como era e como é atualmente.Trata com detalhes do raciocínio do objeto e da construção da arqueologia
    O autor cuida de cada detalhe das técnicas, do que é preciso,qual instrumento usar,onde usar,o que identificar, como identificar um vestígio material (cerâmica, projéteis, pontas de lanças ou flechas etc.

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  10. Funari através de seu livro, fala sobre o trabalho do arqueólogo,falando bem da parte técnica em seus detalhes, fala do mercado de trabalho no Brasil. Fala também dos subsídios que a arqueologia utiliza, tal como a história e até mesmo a psicologia.Ele mostra que a arqueologia é de suma importância para a formação da identidade cultural e até mesmo social de um local, através da representação dos objetos encontrados através da mesma.

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  11. JACIRA
    O Artigo mostra a complexibilidade das atividades arquiologicas e como funcionava o pensamentodos arquiologos e como era a arquiologia no passado e como é agora.

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  12. O referenciado artigo mostra os métodos de escavação e os valores de uma escavação e suas importância tanto para a sociedade como para o meio acadêmico.

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  13. o autor vai trabalhar em seu livro, a importancia que a arqueologia tem para se enterpretar um cultura.
    ele argumenta com bastante embasamento dando detalhes desde a catação de artefatos até o conhecimento historico, o que a aquela pessa represeta para aquela sociedade.

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  14. Funari vai trabalhar com a pespectiva de que o trabalho arqueologico não devem ser confudido com outras áreas,como também ressalta a importancia da arqueologia para se enterpretar um determinada cultura.

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  15. Funari vai trabalhar com a pespectiva de que o trabalho arqueologico não devem ser confudido com outras áreas,como também ressalta a importancia da arqueologia para se enterpretar um determinada cultura.

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  16. O autor Pedro Paulo Funari em seu livro, defende a área da arqueologia mostrando uma outra visão do campo, um lado voltado para a aventura, a emoção de trabalhar como arqueólogo, a importância do campo e a contribuição da mesma para a sociedade.

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  17. o livro relata o pensamento de o que é arqueologia e como ela é vista atualmente tratando o objeto de estudo como a sua contrução no pensar arqueologico e como atua , fala também sobre as condições do arqueologo que é a escavação resgistrando assim por meios de desenhos por meio que se possa achar o local exato que se encontram os objetos a serem escavados.

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  18. Fica claro o cuidado em que Funari tem ao tratar e mostrar a arquiologia. O livro muito bom, justamente por conta desses pequenos detalhes, tanto dos instrumentos, suas tecnicas, seu desenvolvimento, suas áreas de conhecimento, também sua vantagens e desvantagens.

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  19. Ele fala sobre onde e quando podemos encontra um sitio arquiologico e e o fazer com eles.

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